Bússola Política

Há um descontentamento geral quando se evoca a palavra política.
Em Portugal os ideais e convicções que determinam as cores partidária parecem ser desconhecidos, esquecidos e até ignorados por grande parte da nossa sociedade. É do nosso dever de intervenção, enquanto cidadãos, de que vos quero falar. Já todos sabemos que o interesse pessoal ou partidário que desvia fundos, desvirtua medidas, corrompe valores ou apela à demagogia e à falta de transparência é, infelizmente, um problema estrutural da grande maioria dos políticos em Portugal. Mas esta incompatibilidade que parece existir entre o interesse e o dever político já é bem conhecido de todos nós. Quero, pelo contrário, tentar perceber convosco qual é a nossa responsabilidade política no estado actual do país.

Cada programa eleitoral, fundado em ideais políticos, deveria merecer por cada um de nós uma análise crítica que resultasse numa lista de pontos positivos e divergências. No entanto, curiosamente, cada cidadão português parece querer reunir todos os pontos positivos num só partido ou, alternativamente, não reconhecer nada de positivo em nenhum lado. Destacar as medidas positivas apresentadas por um outro partido ou a crítica justificada, transparente e que apresenta alternativas são o caminho, sejamos políticos ou cidadãos. No entanto, há uma relutância em reconhecer o que o outro faz bem ou onde eu posso estar a errar. Parece existir uma imposição genética, educativa ou, porventura, social que nos impede de agir como tal, moldando os nossos argumentos e a nossa consciência. Por vezes, menos gravemente, este apoio cego resulta de um foco numa política que está directamente ligada à nossa vida. Outras vezes, da incapacidade de separar a aparência e o sofisma do conteúdo.

O exercício de tentar compreender a fundo, de forma isenta de convenções, as diferentes alternativas existentes é um dever de cada um de nós num país democrático. No final do exercício, a falta de alternativa poderá conduzir à desilusão. No entanto, parece-me que, a existir alternativa, a alternativa menos má é preferível ao voto em branco. Este problema, o problema da alternativa, é para as mentes livres o maior problema em Portugal. E resulta não só do problema estrutural da incompetência e dos interesses políticos, que prometi tentar não evocar, mas também da não-separação das políticas sociais e económicas nos partidos portugueses. Os partidos economicamente mais liberais acabam por ser socialmente autoritários. E os partidos menos conservadores em políticas sociais acabam por defender um Estado pesado, que corre o risco de limitar a iniciativa privada e de se tornar controlador, inflexível e despesista. Qual deverá ser a verdadeira função do Estado?

Para que cada cidadão possa exercer o seu dever de voto de forma consciente é importante que reflicta profundamente sobre esta questão, metendo de lado os seus genes e todas as certezas mal fundamentadas. Só depois deverá avançar em direcção aos programas eleitorais, devido à sua crescente volatilidade.
Sem me estender demasiado, deixo-vos com um pequeno desafio: a bússola política. De forma, mais ou menos objectiva, ela traçará o vosso perfil político. Lembrem-se que o centro da bússola não corresponde ao centro da política em Portugal e que os resultados não são absolutos, isto é, podem se moldar ao longo da tua vida. Desafio aceite? O teste é bastante interessante, podem cortar perguntas e colar nos vossos comentários para alargar o debate!

>> Aceito o desafio do Rui! <<

Todos nós temos um dever cívico para com a nossa sociedade. De forma mais ou menos radical, ora levantando questões, ora apoiando causas, devemos intervir activamente na vida política do nosso país e do mundo. Creio que, neste momento, o melhor contributo é suscitar o debate interior e com os outros para que dia 27 possamos votar em consciência.
Abraços

One Comment

  1. Vando says:

    Concordo perfeitamente contigo, não compreendo como é que os jovens de hoje, a nossa geração, que ao contrário dos nossos pais/avós tem hoje tudo mais facilitado para formar uma opinião sobre o estado político do país e tem oportunidade de fazer um voto informado e responsável, se descarta do seu dever ignorando completamente a política, mesmo não concordando com os actores políticos, só se nos interessarmos poderemos fazer alguma coisa para que mudem.